"Nunca vi choro tão bandido..."

Blog-Homenagem dedicado "a todos aqueles que nos emprestam sua testa construindo coisas pra se cantar..."

30.3.06

"De manhã escureço, De dia tardo, De tarde anoiteço, De noite ardo."



A Brusca Poesia da Mulher
(Vinicius de Moraes)

Minha mãe, alisa de minha fronte todas as cicatrizes do passado
Minha irmã, conta-me histórias da infância em que que eu haja sido herói sem mácula
Meu irmão, verifica-me a pressão, o colesterol, a turvação do timol, a bilirrubina
Maria, prepara-me uma dieta baixa em calorias, preciso perder cinco quilos
Chamem-me a massagista, o florista, o amigo fiel para as confidências
E comprem bastante papel; quero todas as minhas esferográficas
Alinhadas sobre a mesa, as pontas prestes à poesia.

Eis que se anuncia de modo sumamente grave
A vinda da mulher amada, de cuja fragrânciajá me chega o rastro.
É ela uma menina, parece de plumas
E seu canto inaudível acompanha desde muito a migração dos ventos
Empós meu canto.

É ela uma menina.
Como um jovem pássaro, uma súbita e lenta dançarina
Que para mim caminha em pontas, os braços suplicantes
Do meu amor em solidão.

Sim, eis que os arautos
Da descrença começam a encapuçar-se em negros mantos
Para cantar seus réquiens e os falsos profetas
A ganhar rapidamente os logradouros para gritar suas mentiras.

Mas nada a detém; ela avança, rigorosa
Em rodopios nítidos
Criando vácuos onde morrem as aves.
Seu corpo, pouco a pouco
Abre-se em pétalas...
Ei-la que vem vindo
Como uma escura rosa voltejante
Surgida de um jardim imenso em trevas.
Ela vem vindo...
Desnudai-me, aversos!
Lavai-me, chuvas!
Enxugai-me, ventos!
Alvoroçai-me, auroras nascituras!
Eis que chega de longe, como a estrela
De longe, como o tempo
A minha amada última!

23.3.06

"Tall and tan and young and lovely, the girl from Ipanema goes walking"



Estados Unidos, 1967, um disco genial alcança o segundo lugar na parada americana, atrás de Sgt. Pepper's Lonely Heart Club Band, dos Beatles, era uma das parcerias que exautava mais ainda a música brasileira. Frank Sinatra apaixonado pelo ritmo do nosso Maestro Antonio Carlos Brasileiro Jobim, a bossa nova, propôs uma parceria.



Bom pelo que eu sei, a Bossa Nova nasceu em 1958 quando João Gilberto mostoru o som "da lavadeira de Juazeiro" arrancando batidas do violão, as quais impressionaram Tom Jobim. Em breve, o baiano teve uma particiáção no LP da Elizete Cardoso com arranjos do Tom e composição de Vinicius de Moraes. Logo, toda a Copacabana - e todo o Rio de Janeiro em seguida - estaria falando daquela nova bossa musical. A conquista do mundo seria uma questão de tempo - ou uma conseqüência inevitável, para citar um dos clássicos da bossa nova, "Samba de uma nota só".
Misturando o estilo intrumental dos cantores de Cool Jazz, João cantarolando Samba de uma forma mais moderna concebeu essa graça musical. Com um estilo sutil, dificil e apaixonante, a bossa ergueu outros musicos como, o mais genial deles, Tom Jobim.
Sofisticada harmonicamente, introdutora de acordes dissonantes, a bossa de Jobim juntou o samba e outros gêneros nacionais ao pop europeu, ao jazz e ao clássico, o que fez com que a voz de Sinatra se encachasse perfeitamente em anguns sucessos como: Garota De Ipanema (Girl From Ipanema), Samba de Uma Nota Só (One Note Samba), e Corcovado (Quiet Nigths of Quiet Stars).



"Por causa do amor.../She just doesn't see.../Nem olha para mim.../She never sees me.../Por causa do amor..."

Tom Jobim (1927-1994)

Frank Sinatra (1915-1998)

22.3.06

"Que sejas da alegria uma eterna aprendiz."


"Chico Buarque de Holanda, exímio operário da palavra, 'reinventor da língua', segundo Tom, campeão de rimas nobres, conhecedor das raízes do indioma: quem mais usaria na letra de um samba a interjeição evoé, perdida nas entrelinhas da gramática?


Do espírito carioca, Chico curte frases divertidas, soltas na hora certa, como sabia Tom Jobim, maestro que certa vez ligou para o parceiro, no meio da noite, para assinalar "trago o peito cheio de lembranças do passado" quem sabe pudesse teroutra conotação.


Outro gozador era Vicius, que certa vez classificou a letra da canção Maninha - que Chico assegura não ter sido feita para sua irmã - como 'tudo mentira, não tem nada disso, nem jaqueira, nem fruta no capim...' " (por Roberto Muylaert - Revisa Ícaro, Março de 2006)

19.3.06

"São bonitas, não importa, são bonitas as canções"


"Mesmo que os cantores sejam falsos como eu, serão bonitas, não importa, são bonitas as canções. Mesmo miseráveis os poetas os seus versos serão bons. Mesmo porque as notas eram surdas quando um Deus sonso e ladrão fez das tripas a primeira lira que animou todos os sons. E daí nasceram as baladas e os arroubos de bandidos como eu..." citação de uma madrugada de sábado. Em meio a conversas e debates, sobre Tom e seus mil tons, Vinicius e sua pluralidade e Chico e sua genialidade, veio enfim um desabafo de querer que em seu enterro tocasse essa linda canção. Como não é de praxe meu deixar um amigo esperando, além de não querer que meu tão bem quisto tio morra cedo... Ixe, ainda haverão muitas madrugadas de sábado a viajar... Faz-se deste Blog uma singela homenagem, espero que gostes.