"Nunca vi choro tão bandido..."

Blog-Homenagem dedicado "a todos aqueles que nos emprestam sua testa construindo coisas pra se cantar..."

2.9.07

"Com que mentira abriste meu segredo?"

Soneto

Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo

Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio

(Chico Buarque)




A facilidade inegavel que Chico tem de falar sobre o universo feminino é simplesmente fantástica. Fantástica ao ponto de atribuir a ele, e com mérito, o título de "Maior conhecedor do sexo feminino". Quem lhe concedeu essa comenda? Eu, é claro. Mas acredito que vocês hão de concordar comigo.
O romantismo, a sensibilidade, a força, a coragem, o sofrimento, a alegria, dentre outros aspectos que ele descreve tão bem em suas músicas são características inerentes à mulher. Essa magnifica parte da obra de Chico começou a aparecer em 1972, que em parceria com Tom Jobim, criou "Tatuagem", depois continuou descrevendo com perfeição os martírios e prazeres da mulher com "O Meu Amor", "Com Açucar e com Afeto", "Folhetim", "Mulheres de Atenas", "A História de Lily Braun", "Gota D'Água", "A Rosa", "Olhos nos Olhos", entre outras.






De fato, a música é a maior forma de encantamento do ser humano. Com isso, Chico nos faz deslumbrar um mixto de amor, ódio, sofrimento e prazer. Além de deliciar-nos com sua poesia.

Ave Chico.